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29/05/2014

Zé Barnadé, médico e doutor

Zé Barnadé dizia-se médico e doutor,
mas o pobre do raio do homem,
nem das letras do seu nome era amo e senhor.

Ora houve um dia em que uma alma iludida com ele foi ter,
a propósito da mulher grávida que estava
com um tal grande ataque de espirros,
que já nem falava, só espirrava e espirrava!

Ai o Zé Barnadé que se tomava médico e doutor,
viu que o caso não era de brincadeiras.
Vestiu a camisa nova que lhe deram e era boa para o calor e lá foi 
em visita urgente, encurtando o caminho pelas direitas eiras.

Chegado à morada da doente,
que cenário a ele se deparava...
A mulher não só não parava de espirrar em constante, 
como até a chorar, soluçava.
Irra mas que maleita a desta gente!

- "Não há que temer!" - disse o Zé ao marido desgostoso.
- "Trago um remédio dado por um vizir do Vouga que sofria do mesmo a esmo.
Verá que com esta condição o processo ainda é moroso,
mas depois sem mais delongas, os espirros vão-se de vez mesmo!"

Bardané deixou em casa da senhora,
um frasco de rapé para que o marido, ao bater de cada hora
lhe dar a cheirar sem desculpa ou mora.
Em três dias tudo finda e esta moléstia, será uma má memória!

Mas não foi assim. Pior o remédio que a cura!
A Zé Barnadé calhou um excerto de porrada abonada pelo marido da do espirro!
Que emenda tão dura, que o homem não espirrava mas era cá uma cavalgadura!
O Barnadé acabou no hospital como sonhava mas não em doutor.
Como doente ferido e dorido no pico o mês do calor!

Então não é que com a mezinha do ruminante,
os espirros da mulher ficaram ainda mui maiores e como ela soluçava ao alto!
Ainda para desespero da senhora em dor constante,
a criança ela pariu e em vez de chorar não é que o petiz,  
só espirrava e espirrava!...