Diz-me como fala uma formiga,
como é sentir o primeiro Sol na alta montanha,
se a Lua tem espelho,
se existem mãos sem carinhos e se elas fazem sentido assim?
Conta-me como foi o teu primeiro banho de Mar hoje,
se as ondas te beijaram sem parar?
Quero saber como os teus cabelos ficam pousados nas flores dos campos,
se elas são um travesseiro de mel?
Se ficas bem de capuz a dançar na chuva?
Se os teus pés dedilham as areias molhadas e lá afundam o teu nome?
Dá-me a conhecer como é o teu despertar de manhã;
como ficas estendida na cama à espera que os minutos passem devagar?
Desejo aprender a fazer o café como tu gostas.
Sinto a necessidade de ver como viras a página de um livro
que lês a meias comigo.
Conhecer a partitura da tua música de cor.
Se nela tem compassos surdos?
Reviver os teus medos,
as tuas dores e se posso fazê-los meus em teu alivio?
Quero ouvir a tua respiração a noite inteira,
perceber que milagre és!
Se gosta do calor da lareira a acariciar-te o rosto,
nos intervalos dos meus beijos que te arrepiam da cabeça aos pés?
Aprecias minhas mãos a soltarem os teus cabelos de Mar?
Grita-me se o teu corpo é meu,
como o meu é teu numa alegria sem acabar?
Fala-me de tudo.
Mas conta-me só tudo de ti.
