O som que atravessa a minha alma e carne hirta.
As teclas são asas e nelas o vento baptiza-me.
Traz-me de volta a remanescência das remanescências.
A música empobrece-me a ira de todas as iras!
Domina-me sem um toque ou ajuste.
Escuto os sons,
as notas que se evadem e arranjam morada onde
eu tenho o endereço da minha mente.
São lágrimas que afogam a voz e os olhos,
que mesmo inundados,
tem o propósito adquirido,
suado e pedido,
de existirem em função das lembranças do que já viram.
Atrás,
a minha história, o passado aprazado e seccionado.
Em frente ao piano;
a música do presente e do minuto a vir sobrado,
aquela que aos meus ouvidos nunca se cala.
Não fui eu quem a compus, toquei-a como toca a água nas
costas do alcatruz.