Acabem lá com isso!
Não quero mais!
Não me façam ver mais nada!
Não dou mais valência
às palavras e às expressões
de consternação próxima ou longínqua!
Proíbo os verbos e as lágrimas semeadas
nas mentes de saudades únicas!
Retirem-me da frente os poemas,
rimas e prosas em fileiras de memórias em rosário de recordações
infantis ou não!
Declino as imagens e consequentes figurações
de apanágio de lembrança diária,
ou deste dia particular apenas!
Remetam os dizeres,
as afirmações,
as demonstrações suspiradas ou inconsequentes!
Guardem todas as ideias,
os festejos e as idas aos cemitérios
em procissões de compunções relativas ou bem merecidas e prestadas!
Eu não quero parte nenhuma disso!
Despojem-se dessas avultadas acções
de indicação formal da dor da ausência!
Não são nada, meras palavras.
Não são pingo de nada!
Acervem-nas de carinhos vivos dados de mãos quentes
em mãos quentes,
não por meio de ramos de flores vendidas em terra lúgubre.
Contem as letras do nome gravado em vós,
como quem marca uma fronteira na vida!
Não me revejo em quase nada ou em apenas muito pouco.
Abomino tudo o que se faz neste dia mas quem sou eu
para abominar seja o que for!
Só desejava poder chegar a casa.
Abrir a porta devagar num pedido de licença ao silêncio,
Tê-la sentada à minha espera dizendo:
- "Só agora filho?"