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07/05/2014

Luar das coisas simples

Estamos parados.
Estamos quietos no tempo,

fazendo dele um escravo nosso.
Neste momento tudo se passa ao luar das coisas simples.
 

O meu corpo e o teu corpo simplesmente são uma só entidade, 
que tendo tudo de nós não é nossa, 
mas traz a nossa alma cravada sem dor.
Neste enlace abençoado, 

aprazado, ofegado e retido;
apenas se escuta a tua voz e a minha ou então, 
só o silêncio soprado do que somos agora aqui.
 

Por este milagroso instante, 
os que nada nos dizem nada nos tem a dizer.
Emudecem!
Nada nos segredam em sorrisos ou esgares 

calculados ao milímetro de novelo de  discurso arrebitado. 
Tudo não nos importa e por essa cintada razão, 
nada nos pode tocar, 
perturbar este abraço esperado,
aguardado tal como a necessidade, 

que a madrugada tem de ceder o lugar à aveludada manhã.
 

Neste secreto segundo, 
medida doce e de amor único, 
tudo mas tudo mesmo, 
só se passa ao luar das coisas simples!
Assim como a tua mão sossega o meu rosto,

a minha boca se forma aos teus seios;
os teus olhos me relatam a tua história e eu cedo a minha alma

inteira ao colo são do teu ventre.

Imortais estamos, 
assolados de luz que nos salta do coração.
Num único beijo estamos abraçados ao luar das nossas vidas sobreiras.
 


Os dois perdidos.
Tão fortificados e renascidos no xaile doce deste encontro amado.