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07/05/2014

Linhas

Estou sentado na minha cama de lençóis castigados.
Não durmo, 
não repouso nem me consinto ao descanso.
Não o quero fazer!
Se desperto deste sonho feito encanto, 
dou-me conta de que apenas foi um sonho?
Não! Por aqui me fico, 
resistindo, repudiando, saturando e sumindo.
Não durmo e nem o quero ou o posso fazer.

A tua voz meiga, 
a tua mão quente e suave, 
com o saber de quem me sabe amorenar;
toma-me, leva-me e recolhe-me.
Abraça-me por entre os dedos e lá me põe a morar.

O bater do meu coração 
já não leva em conta a sua importância.
Por ser vizinho do teu, 
maravilha-se, 
perde a essência única e permite-se a ser teu.

Vou cedendo...
Beijas-me a testa, 
desenhas com beijos nela um meio circulo.
Passo a ponta dos dedos pelas tuas costas frescas,
escrevo à largura delas o poema de uma Lua cheia, 
aprimorada nos Céus e de olhos postos 
nos amantes que passam na rua.
Neste carinho sonhado meio ébrio a dormir, 
meio em torpor de despertar;
acerto a minha face ao teu pescoço gracioso,  
escondo-me da luz com a cortina dos teus cabelos.
O teu cheiro amansa-me.
Ouço-te falar como se aqui estivesses,
juraria que a tua voz eu escuto.
Dás-me a certeza que o meu caule é dentro de ti,
o meu sopro é regido no teu respirar.
Adormeço contigo, comigo em contorno fino e cuidado de ti.

Escrevi-te.
Esta carta ou será uma memória de um sonho sem par 
ou parte da glória arrecadada de um amor.

Adormeci.