Como se eu estivesse nesse quadro.
Eu não sou. Não tenho a honra de estar nessa classe.
Sou um escriba, apenas um escriba.
Vejo e escrevo.
Escuto e transcrevo.
Observo, estudo.
Sou apenas um transcritor do que o mundo me dá ou impõe,
um copista compulsivo.
Não considero ser mais ou menos que isto.
Se uma nuvem é uma nuvem,
eu apenas a mostro por palavras para que a sintam.
Não deixa de ser nuvem por eu dizer que não o é.
Outros sim.
São esses que fazem a poesia viver, existir e sangrar!
Eu sou a legenda das vidas, dos sentimentos afiançados.
Uma lágrima é chorada no rosto que não o meu e eu a tenho como minha.
Um toque e um beijo são tidos e amados por outros e eu os usurpo.
A tristeza que não é minha, eu só a sinto.
A alegria que me é longínqua, eu a aproximo,
lhe adivinho o tamanho e o perfume.
A memória de outra memória eu a arrecado,
a recordo minuto a minuto com e sem agrado.
Não me chamem poeta!
Sou quanto muito um aprendiz de truão,
um que faz das letras as falas idas.
Nas palavras está o meu refúgio da luz dia;
pelas frases erguem-se os meus abrigos da escuridão da noite.
Se sofro de dia não sou repousado no véu da madrugada.
Tenho só olhos para ver o mundo com o coração despido,
sem interrupções.
A música é uma carícia suprema e afaga-me sem me tocar.
Todas as noites fui música de uma pauta esquecida,
de um som que não faz eco e que destoa em mim que ecoo.
Esse som não será a resposta que anseio,
que procuro como quem sobe do fundo do Oceano,
em direcção à superfície em perseguição do ar.
Não deixa de ser nuvem por eu dizer que não o é.
Outros sim.
São esses que fazem a poesia viver, existir e sangrar!
Eu sou a legenda das vidas, dos sentimentos afiançados.
Uma lágrima é chorada no rosto que não o meu e eu a tenho como minha.
Um toque e um beijo são tidos e amados por outros e eu os usurpo.
A tristeza que não é minha, eu só a sinto.
A alegria que me é longínqua, eu a aproximo,
lhe adivinho o tamanho e o perfume.
A memória de outra memória eu a arrecado,
a recordo minuto a minuto com e sem agrado.
Não me chamem poeta!
Sou quanto muito um aprendiz de truão,
um que faz das letras as falas idas.
Nas palavras está o meu refúgio da luz dia;
pelas frases erguem-se os meus abrigos da escuridão da noite.
Se sofro de dia não sou repousado no véu da madrugada.
Tenho só olhos para ver o mundo com o coração despido,
sem interrupções.
A música é uma carícia suprema e afaga-me sem me tocar.
Todas as noites fui música de uma pauta esquecida,
de um som que não faz eco e que destoa em mim que ecoo.
Esse som não será a resposta que anseio,
que procuro como quem sobe do fundo do Oceano,
Os meus escritos são ordens de palavras em esquema de frases construídas
com um sentido já merecido.
Não é Pessoa, Florbela, Sophia, Ary e mais tantos.
Não me chamem poeta.
Sou um fiel do armazém das letras.
Doo-me ao que sinto e não sinto.
São as emoções, essas maravilhas e desgraças que escrevem em mim,
formam-se através do meu ser e pela minha mão,
por extenso tomam o lugar neste Mundo.
Só a dor é talvez minha. A poesia não.
Não me chamem poeta.
Sou um fiel do armazém das letras.
Doo-me ao que sinto e não sinto.
São as emoções, essas maravilhas e desgraças que escrevem em mim,
formam-se através do meu ser e pela minha mão,
por extenso tomam o lugar neste Mundo.
Só a dor é talvez minha. A poesia não.