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22/04/2014

Tépido

Alimento-me da escuridão.
Não por estar assim.
Não estou escuro dentro.
Estou apenas resguardado e arrumado numa gaveta.

Apreciei este tempo de amor que vivíamos.
Este paraíso sem nome, 
morada ou som familiar.
Fui luz contigo.
Fui dia, 
água fresca, 
Sol alto, 
Mar quente.
Cama de linho, relva húmida de orvalho.

Neste momento 
sou só um soneto sem final.
Uma noite a desejar uma madrugada ao menos.
Um desejo de sono contínuo e sem pressa no despertar.
Uma palavra sem a letra final.

Alimento-me da escuridão.
Aqui estou sereno. 
Nem em mim nem fora de mim.
Quando está claro vejo tudo o que me recorda de ti.
Não consigo estar assim à luz de tudo.
Logo, 
sou menos triste no escuro.