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18/04/2014

Despiram-me de alma

Deixem-me aqui!
Deixem-me ficar aqui a gozar o tormento!

Este manto negro ficou na minha visão.
Não tenho tempo para os lamentos, 

mas tenho tempo de sobra para me recusar agora a ser feliz!
Renegar a felicidade que assombra 
o mais ousado e o mais denunciado!
Já não trago o desejo de desejar 

outros mundos de esperanças ou 
cruzar-me com almas afloradas em sangue vivo!

Deixem-me aqui!
Aqui neste lugar só meu,

só meu mesmo e posto à minha razão!
Sou o mais triste daqui e o que mais gratidão 

tinha em ser feliz!
Mas deixem-me!
 

Despertem do fascínio que vos causo e larguem-me!
Eu não perdi nada que tivesse um valor certo, matemático!
Perdi só tudo o que era mais importante em mim!


Deixem aqui este homem oco,
sem miolo agora!
Nada me importa, 

mesmo se só confundo as lágrimas com risos sem tino!
Nem as águas nos meus olhos secam;
nem percebo de onde caem mais.
Tenho apenas ira e a dor como vocação!



Deixem-me...
Deixem aqui ficar como se fosse agora este, 

o meu único lugar!
 

Estou com o meu Filho morto nos braços!
Não o estão a ver por todo este sangue?!
Uma bomba suicida terminou-lhe o sorriso!.

Sou a sua tumba agora e em mim já não bate nenhum coração!
Não vivem comigo as forças para perguntar o porquê,
para compreender tudo o que nunca tem razão!

Deixem-me aqui!!!
Já não tenho para onde ir!


Tenho o meu Filho sem vida nas minhas mãos!