Se me amarrarem os olhos voltarei a erguer-me
por entre a escuridão dos meus passos.
Mesmo que me procurem sepultar
em memórias cimentadas e vigadas,
apenas esquecidas;
eu voltarei acima delas,
dia após dia para recordar-me aquilo que já fui.
Para só ser capaz de ter a noção apreciada,
do que hoje em mim, já não é.
Como as palavras também se tornam efémeras,
assim seja para o nosso bem e consolo
neste fatídico e inusitado fado,
também aqueles que delas fazem uso,
muleta e fuga, as proferem com certeza enganadora;
por muito tempo também não perduram.