Translate

14/04/2014

Morte

Passo a passo, 
vou aumentando a distância em sons 
de paisagens restauradas.
É a unidade mensurável de uma vida que
fica a ter por medida a berma das estradas 
que conduzem ao estreito deserto acossado num vale 
de almas sem nome.
A alma que se toma como centelha de luz 
sufocada por falta de um ar concedido a tempo,
só de alimento esfomeada,
mirra e sobraça,
cede e cai destroçada!

Um passo.
O adeus ordenado às sombras e à dor!
As ondas do Mar juntam-se,
deixam o seu vai e volta eterno e no bater do coração dele,
retornam ao indicador de uma nova sequência,
algo que deve ser recondicionado 
em modo de ter propósito propositado.

Outro passo.
As pernas que já não estão com ele,
elas que não vivem mais para o reter alto e mandatário.
As costa curvadas tecem ainda outra pior postura.
O olhar rasa o gosto de ver,
as mãos de tocar tanto outras mãos,
apenas oferecem um ultimo toque.
Uma penúltima e depois uma ultima lágrima 
que não contém mais do que sangue e história!
Um espelho com o reflexo repetido 
de um corpo envelhecido e esgotado.

O ultimo passo;
surge nele trajado o adeus rei,
a partida,
o regresso ao que não se sabe sendo que só se sente 
que é de cada um.
Uma ultima canção que
uma voz arremessa em arrepios e perfura o coração enxaguado.
Um embalo num adeus a um tempo que dele foi e terminou.
A derradeira frase mal escutada;
um epilogo em romaria e determinado.
Ela vem.
Ele vai com ela de braço preso e dado sem relutância.
Não há mais passos.

Só a memória nas mentes pelos ausentes.