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23/01/2014

Um outro remendo

Um grito.
Por meiguice sem sentido.
Em cuidado de não saber porque é mais que um grito só.
Não consinto que mais me ouças.
Não serás mais a testemunha feliz do meu padecimento consentido.
Eu grito!

Não me escutes!
Não te sobeje o contentamento disperso e tosco, 
de quem ousa saber da presença do que se chamou nosso.

Brado de garganta aberta, olhar raiado de sangue!
Desta raiva tomo a minha nutrição.
Com ela a cada instante fico mais emagrecido, frágil e empobrecido!

Tenho e não tenho a certeza das sentenças que digo.
Não retive a linha do futuro na minha palma da mão.
Nele não tens permissão nem cadeira.

Um grito.
Em meiguice negada, delicada e ressequida.
Como a profanar o meu coração já mais que assaltado.
Uma dor que não tem ordem de aquartelamento
nem é solúvel com lágrimas.
Um urro a cortar às fatias grossas o silêncio do fim de um amor.
Aquele grito!


Até que se faça o silêncio de uma outra paixão.