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14/01/2014

Garras negras

Resto-me no escuro
despertado de um sono em torpor de nojo e despido de descanso.
Olho as paredes em redor.

Fico-me a destrinçar os contornos 
de todos os objectos que vou tendo nelas;
dos que lá sempre estiveram.

Tudo parece pesar-me.
Guardava memórias, pessoas no coração.
Ora ficam estáticas na minha mente
como episódios agrestes, porosos, gravados em mim.

Odeio-as...
Amei-as...
O que trago comigo faz-me padecer de uma dor diferente.
As pessoas que se cruzam connosco, 
que depois nos relegam, 
os apelidados amigos;
são inúteis agora.

Reviro os olhos,
tento dormir sem sonhar.
Agora nesta vida faço o imensurável.

Sobrevivo e não me permito a viver nem a estar.