Resto-me no escuro
despertado de um sono em torpor de nojo e despido de descanso.
Olho as paredes em redor.
Fico-me a destrinçar os contornos
de todos os objectos que vou tendo nelas;
dos que lá sempre estiveram.
Tudo parece pesar-me.
Guardava memórias, pessoas no coração.
Ora ficam estáticas na minha mente
como episódios agrestes, porosos, gravados em mim.
Odeio-as...
Amei-as...
O que trago comigo faz-me padecer de uma dor diferente.
As pessoas que se cruzam connosco,
que depois nos relegam,
os apelidados amigos;
são inúteis agora.
Reviro os olhos,
tento dormir sem sonhar.
Agora nesta vida faço o imensurável.
Sobrevivo e não me permito a viver nem a estar.