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24/01/2014

Inocência

Eles sabem quem és.
Dizem que sim.
Proclamam saber.
Eu onde digo que estás?
Finjo saber eu onde andas?
Em lado nenhum.
Não lhes concebo esse direito.
A data onde nasceste é tua e não a terão.
Não são dignos de articular o teu nome, 
de encontrar a razão do teu puro olhar.
Eu esmero-me.
Não me submeto ao dever de te trair.
De divulgar o teu paradeiro!
Não quero que te forcem a encaixares.
Nego-lhes o desejo de que sejas "amoralmente perfeito" e só indicado,
para aquele tipo estereotipado do que se é sem ser!
Eles não sabem mais de ti porque não lhes dou a vazão para tal.
És um esgar de algo que já os predominou e lhes foi querido;
um almanaque com anotações aos cantos, 
de um tempo que eles já não reconhecem.
Depois com a tua sedução em persistires em sobreviver assim desse teu jeito, 
fascina-os.
Querem-te como uma peça que lhes é imprescindível.
Um ditongo na vida deles, na realidade estática, 
onde és tu apenas o brilhante sinal de algo bom.
Abominam o seu reflexo.
Querem compreender o que é a tua miragem.
Querem-te.
Ser donos de ti e do que tens.

Anseiam-te por não saber mais,
como se transforma um biltre num ser humano.