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11/01/2014

Que palavras

As palavras são simples.
São pequenas e são infindáveis.
São sempre aquilo que os homens sentem e até desejam.
O que querem conseguir expressar.
As palavras são significantes ou insignificantes.
As palavras servem para amar, 
para magoar, para dizer que se sente no ato do sentir, 
para sonhar;

para descrever tantos sonhos.
Até para chorar na linha perseguida de uma frase.
Existem as de carácter imutável, 
as que com as suas sílabas e acentos que tudo alteram.
São testemunhas de sensualidades, 
de doces vaidades ou loucuras vãs justificadas.
No mundo, no firmamento dos séculos, elas rebolam de lábios em bocas, 
rodando de língua em língua em discursos mais ou menos articulados.
Vivem nas poeiras nos meios das páginas dos livros,
esses seus carcereiros que lhes dão ordem de soltura ao desejo 
de quem as divinalmente ou de jeito atrapalhado, pouco inteligente;

as quer ler ou fazendo uso delas, falar e tentar expressar-se.

Aí soltam-se ao vento em frases e textos desnudados sem pudores!
As palavras só por si são frias, mortais, patifes e sem a noção do que 
podem representar.
Apenas com o toque de génio do ser humano,
elas ganham algo mais do que o seu lugar fraco e gramatical.
As palavras vivem em nós e por abuso, nós nelas habitamos.
O nosso nome é uma palavra e a nossa alma o vocábulo mais verdadeiro.
As palavras falam na vez das nossas vozes, exclamam as alegrias, as penas;
e tantas penas já trazem por si cravadas. 

Tudo se reduz à razão humana, às relações entre os homens.
É o nosso sentir.
Lendas escritas e livros sagrados não seriam nada sem elas.
Palavras de ódio, de dor e angústia, de medo e pavor!
Por contraponto, temos palavras de paixão, de amor, 
doçura e luxúria pecaminosa sem pecado inferido.

Como que para negar tudo o que acabei por constatar, 
são os nossos olhares que falam melhor calados sem quaisquer palavras expulsar.