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25/01/2014

Ponto de luz

Tomo a minha vida e traço-me.  
Sem falar, cruzo-me com todos e todos se cruzam comigo.  
Velhos e os recentes.  
Ricos e pobres, gordos,   
magros, parcos e abastados.  
Os intelectuais, broncos, dispersos,   
acertados, seguros e instáveis.  
Vestidos e nus, acalentados e degradados;  
miseráveis e comuns em miséria de outra forma.
Independentes, incapazes, dependentes, capazes.  
Sós ou acompanhados, casados em felicidade extrapolada   
ou divorciados em tristeza aliviada.
Unidos ou afastados.
Surpresos ou indiferentes;  
pungentes ou arrogantes,  
da mesma casta que eu ou os “especiais”.
Cruzo-me em paralelo.  
Abro o meu ideal de desprendimento.  
Deixo e permito que me verifiquem e revejam.
Formam-se então opiniões.  
Comentários exaltados ou nada delicados.  
Assertivos ou a despropósito em sublime coscuvilhice.  
Cruzo-me com tantas vidas que me banham e apontam.  
Eu estudo-os.
 
Desejava viver algumas destas vida alheias e o esquecimento de outras.  
Repito-me ao que parece.
Assinalo-me numa carta marítima antiga ainda a uso,
para que possa ser reparado;
para que todos saibam de mim. 
 
Só quero mesmo é que me encontres.