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28/03/2014

Uma paz

De uma só vez diz-me o tudo e o nada, 
de tudo e de nada!

De uma só vez diz o que é de razão e
o que é tido por irrazoável, sem lados ou fundo!
De uma só vez 
providência a negação de um sim, 
a constatação assertiva de uma negativa!
De uma só vez dá-me a vez na tua frente;
eu certamente ficarei de novo atrás de ti!
De uma vez só 
ouve a musica que eu escuto, 
permite-me a abraçar o que entoas!

Uma só vez toca-me sem esperares que eu te toque!
Olha-me,
vê-me, 
não me tolhas como se for transparente e alheio!
De uma só vez entende o que te digo ao ouvido, 
enquanto adormeces e não sonhas comigo!
De uma só vez arriba-me,
não te enterres na lonjura de mim!
Dá-me a ilusão de que tudo não foi 
um ardil de chagas e remorsos sucessivos!
Deixa-me sentir o que se sente no teu regaço!
De uma só vez faz com a noite se torne dia feito;
que o dia seja noite viuvada de negro carregado,
cede-me uma mágoa tua ocultada e acolhe uma minha remoída!

De uma só vez diz-me o que não me dizes e fica atenta 
aos meus olhos banhados!
De uma vez só, 
sublime vez que o seja;
caminha para mim e não a meu lado!
Berra que és minha e dizei-o já sem voz!
Insulta-me e grita que eu deveria ser teu!
De uma só vez resta-te entre um amor escondido e um exposto ao claro luar!
Aquece-me e faz-me um homem, 
um ser, 
um animal e de novo apenas humano!
De uma só vez nega-me e renega-me, 
volta a renegar-me uma e outra vez até que não mais negar!

De uma só vez, 
faz-me acreditar que eu sou aquele, 
que mais te amou!