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12/03/2014

Exangue

Sonhei com paredes caídas,
tão alvas como caiadas de mantos de mensagens gravadas.
Dei-lhes um nome e um lugar em mim;
uniformemente e sem desaprovação.
Acendi o lume ordeiro da minha memória rasa.
Aqueci-as nos lamentos da ausência imensa.

Agarrei com afinco, sem fraquejar
nas pontas dos dedos, 
o poder do esquecimento para assim não me esquecer de lembrar.
Cada letra o principio de um nome;
o tal nome, 
um alguém de pés no chão e presente na vida que é a minha.

A separação do sono no descanso adiado, 
são meus companheiros nesta viagem. 
Despedi-me dos vossos rostos,
deles guardo o orgulho de os ter conhecido.
Cobriram-me de recados.
Amaciaram o meu saber.
Entreabriram a porta que leva à cripta onde se planta o meu coração.
Um sorriso vosso foi a minha maior razão de ser homem.

A saudade é a palavra alta, 
nua no colo dos meus lábios.