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12/12/2013

Tudo o que não é mais

Nas sombras de mistérios
em que me deixo reger sem pensar por onde vou;
procuro-me como se não me reconhecesse ao espelho
na sua imagem passiva.
Em sombras que eu espero não sejam as ultimas, 
pressinto que houve alguém 
que em mim teve o anseio de tocar.
Não me permito a relembrar de quem falo.
Sinto a marca das suas mãos no rosto.
Na sombra que eu não reconheço como sendo da minha vontade, 
procuro por algo diferente de tudo o que eu experimento.
Uma luz, um marco de um começo.
Nada entendo do que digo e procrastino em devaneios 
que já tinha dado como passados longínquos de um outro homem que não era eu.
São sombras a mais estas em mim;
sentinelas das noites em que as estrelas todas
eu aconchegava em abraços infinitos.

Nessas mágoas nebulosas em que me deixo ir sem pensar, 
dou-me conta que as sombras não existem, 
não jazem simplesmente.
Já eu existo, já eu insisto e teimoso teimo em me quedar.
A escuridão sou eu que a obtenho por desejo de não mais desejar viver.
A solidão é como um colcha de retalhos feita pelas nossas mãos;
veementemente apercebemo-nos de onde origina 
cada fragmento e a dor passa a ser régia!

Fechar os olhos e não mais acordar; 
mas que paz!
Essa sim a minha paz.