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11/12/2013

Numa negação

Eu não sei quem ser;
procuro por quem eu tenho em mim.
Sou o mais incomum 
do que o que é comum a todos os que me assombram.

Passo e repasso as saudades que sinto de ti.
Num espaço a que chamo quarto,
com as paredes espelhadas de almas
que me despertam num terno desaperto da dor sobrevivo.
Não me reconheço.
Não sei o que observo nos reflexos.
É alguém quem não sei quem é.

Toca-me e diz-me para onde eu quero ir!
Toca o que de mais precioso e sentido eu tenho em mim,
permite-me ser quem eu deseje ser!
Lembra-me o que já fui de bom;
faz com que o que já fui de mau se renegue e pelo chão goteje e esfregue!
Não quero que pena de mim tenhas nem quero eu pena de mim ter!
Procuro por alguém que me recorde quem eu era!
Nada mais me importa senão sorrir sem fingir!
Nada mais suporto que não queira suportar!
Não mais quero ser senão o que eu seja nu e cru!
Acima de tudo, de todos, de Deus e do demo;
aceita-me e ao que é próprio de mim!

Ensina-me...
Ensina-me a parar, 
a sonhar de olhos a jeito ao luar.
Ensina-me a aprender a andar nos meus passos.
Não nos que não são meus e não digas nada.
Abraça-me e ao que ainda não sei ser.
Só coloca os teus braços à minha volta e traz-me de regresso!