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23/12/2013

I.N.R.I.

- Qual é o teu nome?

O meu nome não é mais dito de modo a que todos os homens o ouçam.
O meu nome  é poucas vezes redito 
nas bocas dos que se encontram enfartados.
É apenas pronunciado como deve ser, 
por todos aqueles que padecem
de todos os tipos de "fomes" e que aos Céus se prostram.

- De onde vens?

Venho de onde a fome não impera, 
habito onde o dinheiro nada vale.
Vivo no pico das montanhas mais altas e repouso nos vales mais pintados de verde.
Sou um com a areia das praias, 
brinco com as ondas de alva espuma enfeitadas.
Passeio com o calor laranja dos desertos mais braseiros.
Beijo as copas das árvores enlaçadas de folhas castanhas.
Em todos os lados e onde quer que um de vós esteja, 
estou e sou nele.

- Como reconheço a tua face?

O meu rosto é feitos dos rostos de todos.
Eu sou a cara dada a todas as gentes.
Sou de cor negra e de cor branca.
Assemelho-me com os que te cruzas nas ruas sujas, 
nas vielas molhadas negras.
Sou o pobre que por tecto cintou as nuvens que o abrigam,  
convivo nos palácios onde me torno a dama rica
que gasta numa só noite tanto como um mês de salário, 
de quem ganha num mês o que ela numa noite despende.
Sou todos e sou ninguéns.
Calço um sapato de verniz sem desdém ou uma humilde tamanca com amor.

- Porque eu não te vejo?

Não é necessário.
Porque eu vivo em ti sou também quem és.
Para me deteres no teu coração terás de te dar aos outros
onde eu existo também e neles podes reconhecer-me sempre.
Eu manifesto-me em ti.
Apresento-me sempre em todos os que te rodeiam e te tocam.
Sou também aquele que está aos teus pés.
Aquele que te olha nos olhos e sorri.
Que sofre ao teu lado e que vela por ti nunca estando ausente.
O que está acima de ti mas te mira olhos nos olhos...


- És o filho?

Meu filho, meu irmão, diz tu.