Não largues a minha mão!
Não o faças nunca.
Esta mão é também tua.
É com ela que te açoito as lágrimas;
que separo e enlaço o teu cabelo comprido e cheiroso.
Com os meus dedos desenho cada pedaço de ti.
Sempre com a minha mão quente ou fria, acordo o teu rosto.
Agora que me vou te peço para não largares a minha mão.
Ela é enrugada e transparente às veias secas de sangue velho.
Com os dedos presos, acorrentados
a uma pele enregelada em antecipação.
a uma pele enregelada em antecipação.
Sei que morro mas não largues a minha mão.
Eu que não consigo falar ou expressar um grito,
em súplica de dor te peço meu amor,
em súplica de dor te peço meu amor,
não me largues a mão!
Até que a dor venha e eu já não seja eu.
Sinto-te já que eu não te vejo,
ouço-te a prender os teus dedos finos delicados como mel,
nos meus em luto.
ouço-te a prender os teus dedos finos delicados como mel,
nos meus em luto.
Sente-me até não me sentires a fazer força mais.
Não me deixes ir sozinho sem o teu toque na minha fronte.
Não te molhes com rios de choros.
A minha mão sempre foi tua.