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20/11/2014

Entre os dentes

Tomo o canto do cego.
A pintura única do mudo.
A voz proferida do surdo.

Tudo o que me calam
são as palavras que eu não digo mais.
Não as relembro por não serem já minhas.
Não mas tiraram, 
mas também não as quero.

Temo o norte dos meus sonhos.
Temo a luz que me alumia.
Não sei se não serei refém da escuridão,
mas nela eu cá sei 
quando é o meu peito que se eleva.

Trago guardado um medo.
Não o medo pelo medo,
o medo do cobarde.

Tenho medo por saber 
que afinal sou capaz de ter
medo de mim.