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27/11/2014

A sobra

Ficou a memória dos dias.
Só a recordação das noites.
Numa página quase em branco,
um verso primeiro 
numa frase por acabar.
No leitor o cd que era 
música de fundo.
Na mesa os lugares postos 
agora para uns fantasmas 
sem lençol.
Na cama os suores em névoa.

No ar o perfume que não era meu.
A lembrança da esperança renovada
caída por terra.
O filme que está ainda a meio da história.
O segredo que nunca se contou,
a margem do rio que olha 
para a outra margem.

Ficou a memória dos dias.
Agora as noites já vivem em branco.
Os segredos sussurrados 
até podem ser contados.
As flores estão secas e cadáveres.
Sem o sangue já nada vive.

E só o meu nome está na porta.