Só a recordação das noites.
Numa página quase em branco,
um verso primeiro
numa frase por acabar.
No leitor o cd que era
música de fundo.
Na mesa os lugares postos
agora para uns fantasmas
sem lençol.
Na cama os suores em névoa.
No ar o perfume que não era meu.
A lembrança da esperança renovada
caída por terra.
O filme que está ainda a meio da história.
O segredo que nunca se contou,
a margem do rio que olha
para a outra margem.
Ficou a memória dos dias.
Agora as noites já vivem em branco.
Os segredos sussurrados
até podem ser contados.
As flores estão secas e cadáveres.
Sem o sangue já nada vive.
E só o meu nome está na porta.