Quero o quarto fechado e sem nada de fora lá dentro.
Quero o corpo despido de roupa,
vestido de sentidos.
Quero provar o suor nas tuas costas.
Quero o teu cheiro no gosto da minha boca.
Quero o meu desejo a habitar nos teus olhos.
Quero-me forte, sem rédea no estar.
Quero a minha fome exacerbada.
Quero o meu discurso desarticulado,
sem nexo, sem palavras completas,
com vocábulos normais.
Quero que só tu saibas o que eu digo.
Quero sentir-te a molhar-me por dentro.
Quero-me sem sombra nas paredes.
Quero-te como quem quer viver.
Como se agarra à vida o moribundo.
Quero que sejamos só deste mundo,
onde só somos verdades.