Tens o lugar de partida sem o destino traçado
com um final predestinado.
Tens a voz do poeta com as palavras mudas,
sem saber ele que mudas,
as palavras que são tuas, o são.
Tens a pega da foice na mão e só a pega.
A foice foi-se.
Ficou a pega na mão.
Tens o que está em cima
do que está por debaixo dos teus pés..
Isso é de pouco ou menor importância,
mas importa-te.
Tens a reticente vontade arranhada no teu ventre,
do ir daqui para fora.
Calcetei-as as ruas até,
para tornar o teu pisar menos erosivo ao caminho
para não ficar a pista dos teus rastos.
Trazes o fechar de olhos enervado,
como que num olhar, uma mentira febril tome coito.
Pensas por pensar,
grunhas uma atitude e invocas os demos
sempre quando à sobre ti um contraditório.
Tens o lugar de partida sem o destino traçado
com um final predestinado.
Só ainda não te dás conta de que assim,
destes teu modo enfileirado,
não segues para nenhum lado.
Rezas porém sem orar.