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18/09/2014

Nas cartas

Tens o lugar de partida sem o destino traçado 
com um final predestinado.
Tens a voz do poeta com as palavras mudas, 
sem saber ele que mudas, 
as palavras que são tuas, o são.
Tens a pega da foice na mão e só a pega.
A foice foi-se.
Ficou a pega na mão.
Tens o que está em cima 
do que está por debaixo dos teus pés..
Isso é de pouco ou menor importância, 
mas importa-te.
Tens a reticente vontade arranhada no teu ventre,
do ir daqui para fora.
Calcetei-as as ruas até, 
para tornar o teu pisar menos erosivo ao caminho
para não ficar a pista dos teus rastos.
Trazes o fechar de olhos enervado, 
como que num olhar, uma mentira febril tome coito.
Pensas por pensar, 
grunhas uma atitude e invocas os demos 
sempre quando à sobre ti um contraditório.

Tens o lugar de partida sem o destino traçado 
com um final predestinado.
Só ainda não te dás conta de que assim, 
destes teu modo enfileirado,
não segues para nenhum lado.
Rezas porém sem orar.