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06/06/2014

A prece

O “não”.
Uma palavra apenas que me traz as lágrimas secas e fere-me a face.
Um signo que abomino.
O selo do inseguro lacrado.  
Não por ser a expressão de uma negativa, 
mas por ser a ultima morada conhecida antes do “adeus”.   
O “não” é o grito suado de quem se atira por vontade amada   
ao abismo arrancado em ilusão!   
Uma negação é como a chuva arremessada que não permite    
que se sequem os rostos,
notando-se neles as lágrimas sucumbidas.  
“Não” é a ultima tira de um lençol estendido à tempos,   
sem razão ou marcação em memória,   
que é fustigado;   
desfigurado e amordaçado num estendal pintado de ferrugem áspera.  
Pode ser um dom que não se admitiu possuir,    
que se renega em voz alta mesmo sendo dom.   
Um “não” dito e exposto,   
é o balão que fugiu da minha mão,   
que ao céu subiu.   
Ninguém mais o viu!  
“Não” é uma mão que se deixa de tocar.
Um “nada” é um “não” disfarçado com pele de um “nada”.
Mesmo que não seja logo reconhecível por não estar assim pendurado, 
soletrado; o “não” é a ausência pura do “sim”.
“Não” é o que me traz o medo e me retira o sono,    
descanso e paz.   
Este “não” eu não o quero.   
Não!

Agora, deixa o que digo para trás...   
Divago e mendigo as palavras que escrevo nesta noite de ausências.   
Não ligues ao que falo.   
Chama-me só um nome só meu.   
Um que não digas a mais ninguém!   
Professa-o ao meu ouvido na voz que amo.