Uma palavra apenas que me traz as lágrimas secas e fere-me a face.
Um signo que abomino.
O selo do inseguro lacrado.
Não por ser a expressão de uma negativa,
mas por ser a ultima morada conhecida antes do “adeus”.
O “não” é o grito suado de quem se atira por vontade amada
ao abismo arrancado em ilusão!
Uma negação é como a chuva arremessada que não permite
que se sequem os rostos,
notando-se neles as lágrimas sucumbidas.
“Não” é a ultima tira de um lençol estendido à tempos,
sem razão ou marcação em memória,
que é fustigado;
desfigurado e amordaçado num estendal pintado de ferrugem áspera.
Pode ser um dom que não se admitiu possuir,
que se renega em voz alta mesmo sendo dom.
Um “não” dito e exposto,
é o balão que fugiu da minha mão,
que ao céu subiu.
Ninguém mais o viu!
“Não” é uma mão que se deixa de tocar.
Um “nada” é um “não” disfarçado com pele de um “nada”.
Mesmo que não seja logo reconhecível por não estar assim pendurado,
soletrado; o “não” é a ausência pura do “sim”.
“Não” é o que me traz o medo e me retira o sono,
descanso e paz.
Este “não” eu não o quero.
Não!
Agora, deixa o que digo para trás...
Divago e mendigo as palavras que escrevo nesta noite de ausências.
Não ligues ao que falo.
Chama-me só um nome só meu.
Um que não digas a mais ninguém!
Professa-o ao meu ouvido na voz que amo.