não concebe o que é ser Poeta.
Desse modo incorporado e sofrido,
as palavras trazem só assim,
um novo sentido e até as lágrimas passam a ser dores reais.
Tudo é do Poeta!
Desde o olhar do menino escondido no vão da escada,
ao tirar a mesa ao fim do jantar.
Se o poeta não se der conta da poesia que existe
na formiga que vai ao açucareiro ou numa enxada de cabo enrugado,
rude e vergada;
como sente ele o Vento, as cores das madrugadas doidas,
o abismo dos seios quentes ou
o beijo da boca testemunha molhada.
Dessa forma de viver se faz de toda a gente,
sem nunca toda a gente acabar por ser.
Ser-se Poeta é a junção de um todo e ausência de um ninguém.