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24/06/2014

Demais

Estás longe.
Devias estar aqui.
Ou eu aí.
Seja onde tu estejas,
seria esse também
o meu sitio de estar.
Mas estás longe.
Noutro lado.
De longe não te vejo,
não sou capaz de olhar tão distante.
Sinto a saudade do teu cheiro,
o desejo dos teus cabelos nos laços dos meus dedos.
Dos teus olhos a queimarem-me de saber dos meus segredos.
Abandonei-me. Não sou uma parcela de nada.
Não sou uma peça desencaixada.
Eu não sou é uma peça.

Disforme eu perdi-me.
Não me encontro não por ter tido
o meu lugar contigo.
Não por dependência,
mas porque era aí ao teu lado, onde eu deveria estar.
Como a árvore tem raiz e folhas,
como o Céu vive com as nuvens e o Vento,
como o coração tem o sangue encarnado real e como a noite 
sofre por amar as Estrelas.

Sou uma sombra.
Já o era e já não sabia.
Estou a mais neste caso.
Um a mais que vai ganhando a coragem precisa para um dia
ser só um a menos.
Depois só serei uma memória.
Uma qualquer história que se lamenta ou recorda.
Um amorfo que se apaga antes que nos queime os dedos.
Tu estás longe.
Devias estar aqui.
Devíamos estar a fazer amor agora...