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25/06/2014

A anotação

Eis-me.
De grosso modo.
Com a magreza dos ossos recolhidos.
Eis-me aqui ainda de sopro em sopro.

Eis-me em despedidas.
Em últimas aparições até ao cair do pano.
Resguardo-te de tudo o que me dói.
Dou te o meu testamento em pedra fosca e sem arestas.

Esquece-me.
Sente-me a falta!
Trata-me como uma folha caída.
Apodrece-me em ti!
A apaixonada folha que se perdeu do ramo.
Agora faz o que deves.
Trata-me como um apontamento a mais,
num dos teus cadernos com elásticos carcereiros.
Escreve o meu nome com lápis e rasura-me!

Serei para ti uma memória a menos,
algo fácil de apagar. 

Eis-me.