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25/02/2014

Numa mão de areia

Trazes uma euforia misturada ao sabor do teu suor.
Sinto-o nos lábios.
É salgado e doce ao mesmo instante.
Arqueio os braços,
dou-te uma morada neles.
Surpreende-me o teu sorriso impaciente, 
o teu modo de me teres à mão.
Reportas-me a tua solidão;
as noites que trazes nas tuas lágrimas pias,
fazem-me desejar que seja sempre dia.
És a minha maior ambição, o meu segredo constante.

Não és feliz ou infeliz.
Encontras-te como eu, 
partida ao meio sem forma direita de se colar.
Temos vidas a momentos.
Irrecuperáveis...
Não temos vidas inteiras;
somos restos de rochas e areias pisadas.
Corre-nos nas veias a loucura 
de sentirmos que estamos perto, 
estando longe!
Não somos certos, limitados e convencionais.
Temos horizontes e pontos de ampliação diversos;
somos tão certamente anormais.


Mas lá paras o Vento.
Acorrentas o tempo.
Embrulhas um sorriso desperto na tua boca.
Chegas e acordas a minha.
Calas-me já que nada mais há para dizer.
Estamos aqui.