Translate

17/02/2014

Repetente

Sento-me.
Neste banco de jardim húmido que é o mais próximo
da árvore que se banha de luz do Sol e me oferta em troca,   
a sombra fresca e acalentadora.  
Fixo um ponto no horizonte próximo.  
Um sitio sem importância maior;  
um parágrafo na linha de visão
que tenho ao dispor e onde me posso perder.  
Pé ante pé,   
travessamente cerro os olhos.
Abstraio-me de tudo.  
Afasto-me e mitigo-me.
 
Não penso, não sinto,   
não ouço nem vejo nada mais a não ser o que eu deseje.  
Não relembro, recordo, rumino ou reencontro.
Apenas me deixo flutuar em inercias supremas.  
Sou contente.  
Nem feliz nem triste.  
Passa uma brisa quase a vento por mim;
toca-me e destapa-me.  
Maleficamente,  
termina-se esta paz sem memória.


Ergo-me e caminho.
Vou andando agora à minha vida.