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04/02/2014

Viver da saudade

Não saber mais o que dizer, 
como agir, protestar e fazer luto!
Não perdoar a quem nos trás mal.
Não brotar sentimentos na ilusão nascida do toque meigo 
de um dedo à pele do nosso rosto!
Não perceber o que não se compreende, 
o que não se entende.
Notar que o Céu está lá em seu posto.
Que o Mundo roda mesmo que não tenhamos nós 
o inicio de um sorriso!
Não se sentir que se é alguém a não ser quando nos doa a veia grossa da vida!
Deixar de pernoitar nas sendas certas ou erradas,
que mesmo acertadas ou erróneas, 
são nossas e de mais ninguém!

É assim não ter a percepção de que me minto;
que disputo o sitio de mim com a tristeza das rotinas, 
que me contorna e perscruta.
Que eu não cuido que sou eu que estou num reflexo qualquer,
uma minguada imagem num espelho airoso que não é meu.

Acabo amando a memória de outras eras, 
que outros tempos, 
apenas já o são.