Nas horas bravas que precedem o raiar do dia,
as ruas desertas e de enchentes vagabundas são posse minha.
A minha sombra desertou-me.
Onde está a esperança que é própria de cada ser e que eu já não tenho?
Trago uma imagem de um sonho de abandono ao Mar.
Prometo-me a não dizer o que vou tendo em temor,
deixando passar as listas de palavras equiparáveis a chagas
ditosas da pena que vou carpindo.
Caminho,
ando dado e acorrentado ao vento.
Num supremo constatar da minha ilusão,
trago uma miragem de sorriso;
efémero e sem suor ou desejo de ficar!
Sofro e só assim me deixo estar.