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09/12/2014

Fotografia

Está tudo partido. 
Fora do lugar, 
dos centros e das presenças. 
Encontra-se tudo o que era palpável, 
a meia haste. 
Sem imagem, número ou estante. 
A confusão nas palavras torna-se tortura fácil. 
As orações em pedidos minúsculos, 
são enjeitadas logo ao princípio, 
tal como uma dança a dois, 
mas sem ter um par. 

Não existe forma de reparar tudo. 
Não temos modo de nos abandonarmos 
ao espaço e voltar a ter os acentos todos nas letras, 
a comida na mesa em cada prato devido.
Não há nada a consumar. 
Estão todas as horas partidas, 
quebradas, exaustas, resumidas, 
sem a ponta do começo. 

Vejam as luzes amarelas da cidade 
em neblinas de cores alternadas em tons baços
de uma matriz feia. 
Confirma-se tudo partido. 
Desunido, 
sem pista dos pedaços dos cacos feridos. 
Disperso só com a miragem 
do que era magia.
Uma fotografia feita só de um pano de fundo.


Fecha-se os olhos e some-se a realidade.
Apressa-se a morte mais um dia.
Um de cada vez.