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13/12/2014

Condicional

Ficaria sem ter dó.
Sem refrear a respiração para não dares conta 
de que estou perto.
Ficaria aqui, 
neste manto de sol e chuva,
com as pedras da calçada por companhia, 
com as linhas assombradas do eléctrico 
a imitarem as linhas da minha mão.
Ficaria sobre o mar, 
como a gaivota que se banha de vento e toca
as ondas sem quebrar a superfície, 
para assim não perceberes 
que me deito a teu lado.
Restava-me aqui ou acolá,
sem ninguém a inquietar-se com a minha ausência,
sem a importância de aqui estar ou ser.
Sem a sombra que me revelaria em traição doce, 
sem os nós dos dedos a estalarem 
ao ritmo dos teus suspiros.
Ficaria a um canto,
a sonhar-me no teu colo, 
continuadamente manso e sem dor,
para não saberes que me tinhas no teu regaço.

Dar-me-ia de um jeito que seria só 
o meu modo único de te amar.

Ficaria,
mas serias tu a não querer ficar.