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14/10/2014

Leve

Tenho a memória do que ainda não foi nosso.
Trago na língua o sabor da tua.
Uma parte de mim não sara sem ti.
Sou aquela ferida que não tem cura.
Nos teus olhos 
a minha voz é fala franca, 
é palavra poema, 
soro, loucura sem emenda.

Quero-te como quero respirar.
Não me apetece fazê-lo 
se não souber que respiro 
o mesmo ar 
que tu respiras e isso acaba na mesma 
por me ferir 
sem sangue à vista, 
sem cicatriz demonstrada.

Quero o ultimo olhar 
como quem o quer o primeiro.
Quero-te no meu lugar no mundo.
Quero que sejas o meu sono profundo, 
sem máculas, 
pesadelos, 
falsos repousos,
sem despertares ruminados,
dolorosos, acintosos.
Quero saber que é o meu nome 
que adormece na tua boca e acorda no teu peito.
Quero saber-te.
Não acordar sem que tu acordes.



Quero esperar-te mesmo que não venhas.