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31/10/2014

Despida vontade

Quero ver-te nua.
Sabia-o e disse.
Sem roupa ou lençol que te cubra.
Sem beijos atrapalhados ou de circunstância rude,
desmembrada, apresada.
Quero ver os teus seios,
sem as minhas mãos pelo meio.
Com tua pele arrepiada a lembrar as gotas da chuva.
Com as tuas pernas a tomarem-se
como as minhas cercas.
Ver-te nua...
Sem blusa a cobrir-te.
Nem véu a esconder-te,
nem a sombra a arrefecer as costas.
Comigo cheio de beijos, caseados carinhos,
num segredo preso por vontades que começam
na oralização crua deste pedido,
desta fibra de voz ganha.

Quero deixar-me estar a olhar para ti.
Ver o teu meio.
Como se estes instantes sejam findos.
Como quem dá um ultimo voo e se despede do vento.
Semelhante ao abandonar da Lua à noite.
Quero olhar para ti.
Com os olhos despidos de tudo e nus de verdade.

Quero ver-te nua.
Eu por mim,
não trago mais nada no peito
do que o desejo de te amar.
Como o ar que respiro.