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04/07/2014

Lado a lado

Eu.
Estou aqui.
Sentado, prostrado, arrumado, 
neste lugar fixo e desacorrentado.

Eu.
Despido de tudo.
Nu de medo, dos segredos, 
das dores repetidas,
das raivas cuspidas, 
dos sentimentos ascos.
Livre das lembranças e assolado 
pelas memórias.

Eu.
com os toques e os tiques 
das desgraças,
com os endereços 
das janelas das lágrimas,
das discussões infindáveis,
das noções de dor
variadamente invariáveis.

Eu e tu.
Somos uma rua funda que acaba 
num deserto de chuva
aonde as lágrimas 
não se ocultam nem secam por si.

Mas existimos eu e tu.