Toco-te.
Como quem magoa a tecla de uma nota só num piano imenso.
Ponho os meus olhares todos em ti.
Como se ficasse cego para a eternidade
no instante a seguir e cegaria assim sem temer.
Toco-te.
Deixo-te a marca dos meus dedos no fundo das tuas costas,
sinal de que eu estive dono do teu corpo.
Sou senhor dos teus carinhos e preguei
a minha boca na tua com beijos.
Toco-te.
A pele do teu rosto deixa-se lavrar pela minha barba,
assume o calor da minha face,
segreda-me um suspiro de desejo cada vez maior.
Toco-te.
A tua voz traz-me a incapacidade
de proferir qualquer som,
a não ser que seja uma palavra gemida em doce gemer
sem súmula de dor.
Tocas-me
Sei-me aqui.
Estou onde te deitas e o meu corpo é a tua cama.
A janela subida a um terço
deixa que as estrelas sejam luminárias
e até as sombras dos nosso corpos se amam...