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08/08/2014

Escrevo-te

Escrevo-te.
Não te escrevo cartas, 
não te descrevo ou indico.
Escrevo-te como se fosses 
uma primeira palavra, 
aquela do início do meu princípio.

Escrevo-te.
Não te exulto 
porque te desejo só minha.
Escrevo-te sem me falhar uma só letra.
Não digo o teu nome e é ele 
o nomear da minha sina.

Escrevo-te.
Sem levantar a caneta do papel branco, 
sem um movimento a mais ou a menos,
sem deixar a tinta fugir e tirar do teu signo 
o meu pranto.

Escrevo-te.
Começo a perceber que ao escrever-te, 
decoro-te.
Como quem faz um verso 
com carne e sangue,
como quem sabe que estas lágrimas 
são tuas e não à sorte.

Escrevo-te.
O teu corpo, 
a terra e espuma.
A tua mão o estirador da minha culpa.
Escrevo-te sabendo em clareza,
que és o fogo ardente e gemido da minha chama.