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15/08/2014

Horizonte ermo


Já não obedeço aos sentidos.
Nem tenho recordações vagas.
Só vividas e em brasa relutantes.
Não tenho lágrimas doces, 
só cicatrizes de lágrimas 
reunidas nas ruas das faces
Não tenho sonhos.
Só o mesmo sonho todos os dias.
Sou a ironia feita carne, 
beijo e se um dia for morte, 
serei a morte da ironia que era vida pulsada.
Não trago o coração comigo.
Dei-to.
Anda contigo nas tuas mãos,
nele fazes o teu abrigo inseguro.
Não tenho nada e nada quero ter.

Já não me importa ter o tudo se não puder ter-te.