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27/08/2015

La fenêtre du bonheur


Vejo o Mar.
Sem ter a certeza que é o Mar de agora.
Sem saber se o conheço ou se o lembro de uma outra hora.
Brilha mil vezes com os mil raios de Sol
que o beija outras tantas mil.
Marca-me como quem marca a página de um livro
com uma dobra a um canto,
com o receio de perder o fio do caminho das palavras.
A janela está como eu estou.
Assimétrica, com o peso e o trato dos anos e do abandono
do que se ignora, de algo que é prescindível e que já foi notado.
Não se faz mais caso do que simplesmente ali está,
no posto atribuído,
no compasso da lembrança de um antigo passado.
A cadeira já me diz um adeus,
já pediu para não me sentar mais nela,
agora que é do Sol e amigada ao Luar.
E sim, sinto o escuro que vem em névoa abençoada e de paz.
Vejo o Mar, as ondas em luz,
o Horizonte que tanto mudou,

desde que o chamei pela primeira vez num grito pasmado.
Foi plano, escadeado,
picado como os dentes de uma serra afiada em suor.
Hoje adora os Céus e pede que lhe renovem a linha
para que faça sentido como Horizonte outra vez.

Vejo o Mar…
Sem ter a certeza que é o Mar de agora,
mas certo que é o Horizonte e o Mar iluminado,
que num quadro pincelado numa doce velha janela;

aconchega-me o olhar pela última vez nesta hora...



Foto By Susana Alexandre
http://susanaalexandre.com