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13/04/2015

Poema mudo

Neste silêncio aflitivo descubro-me,
destapo-me e desnudo-me.
Marco o tempo a passos irritados no meu quarto de chão de madeira escura.
Deito-me e volto a erguer-me no mesmo minuto.
Recuso-me e obrigo-me a fechar os olhos.
Choro e repudio as lágrimas que afastavas tu com um beijo certo.
Neste desejo de te ter comigo
queimam-me as ultimas palavras que dissemos.
Corriqueiras como se nada demais fossem.
Partias num até amanhã.
Regressavas num bom dia.
Foste sem voltar.
Estou aqui sem aqui me encontrar nem querer saber de mim.
Toda a musica agora é silêncio sem eco.
As imagens todas estão brancas em cegueira de luz.
As palavras são só palavras que nem trazem significado amarrado.
Formaram a nossa cama em sinfonias de prazer e amor.
A poesia que era nossa está só em pranto.
O som dos poemas que nos aproximou está em maré baixa.
Nem o escuto ao longe nem na preia-mar.

E até o que escrevo é menos que um grito de loucura
quando deveria ser uma partitura mais do nosso amor.