Numa madrugada suspensa por linhas de sisal crú espaçadas aos cantos das horas...
Num segredar ao travesseiro fresco sem o uso e sem a forma impregnada da minha cabeça...
Olho na escuridão reconhecida, os contornos das nossas posses que definem o quarto de dormir,
onde a cama é o centro dos atos coexistentes num quarto.
A janela toma o papel do anunciante da madrugada ou do anoitecer de mais um dia morto
moldado em passado presente...
Tudo fica num silêncio diferente em que as respirações são a parte já incerta...
Não me deito nesta cama de outros tempos e outros "eus"...
A Tua falta é sempre recordada por ser o meu lugar neste leito,
a metade preenchida que se dá conta da outra metade agora "In Absentia"...
Numa madrugada a findar, com a manhã de um dia novo a brotar, arejado e urgente...
Fico desperto e preparado para o que aí vem.
Numa posição que me percorre e facilita a chegada das recordações antigas e das mais recentes,
de uma cama que era duas metades feitas a dois e não uma cama meia de gente e meia de uma ausência em lágrimas em brasa...
Com sorte ou intervenção divina, dá-se incerto,
o adormecer em abandono sem sonhar...