que chora à chegada.
Este navio
chega ao porto à hora marcada.
Pára e definha.
Deixa de ser navio
só porque detido no cais,
não navega.
Não é navio mais.
Não faz o que
os outros navios fazem.
Não parte
nem se entrega ao mar.
Este barco é aquele
que foi baptizado com
lágrimas novas e antigas.
Que no ventre
viu histórias de gentes.
Que pela popa
se despediu de tantos portos.
Na proa
deu a conhecer alegrias,
boas novas e vivas.
Este navio
vai ficar até ter um destino.
Talvez morra aportado.
Talvez saia
sem rumo em desvario.
Este navio é um corpo,
uma alma molhada
que flutua,
que foi nascido
para cortar as ondas.
Tem saudade da ausência,
como quem só está em casa
na rua.
Sente-se só livre no Mar.