- Qual é o teu nome?
O meu nome não é mais dito de modo a que todos os homens o ouçam.
O meu nome é poucas vezes redito
nas bocas dos que se encontram enfartados.
É apenas pronunciado como deve ser,
por todos aqueles que padecem
de todos os tipos de "fomes" e que aos Céus se prostram.
- De onde vens?
Venho de onde a fome não impera,
habito onde o dinheiro nada vale.
Vivo no pico das montanhas mais altas e repouso nos vales mais pintados de verde.
Sou um com a areia das praias,
brinco com as ondas de alva espuma enfeitadas.
Passeio com o calor laranja dos desertos mais braseiros.
Beijo as copas das árvores enlaçadas de folhas castanhas.
Em todos os lados e onde quer que um de vós esteja,
estou e sou nele.
- Como reconheço a tua face?
O meu rosto é feitos dos rostos de todos.
Eu sou a cara dada a todas as gentes.
Sou de cor negra e de cor branca.
Assemelho-me com os que te cruzas nas ruas sujas,
nas vielas molhadas negras.
Sou o pobre que por tecto cintou as nuvens que o abrigam,
convivo nos palácios onde me torno a dama rica
que gasta numa só noite tanto como um mês de salário,
de quem ganha num mês o que ela numa noite despende.
Sou todos e sou ninguéns.
Calço um sapato de verniz sem desdém ou uma humilde tamanca com amor.
- Porque eu não te vejo?
Não é necessário.
Porque eu vivo em ti sou também quem és.
Para me deteres no teu coração terás de te dar aos outros
onde eu existo também e neles podes reconhecer-me sempre.
Eu manifesto-me em ti.
Apresento-me sempre em todos os que te rodeiam e te tocam.
Sou também aquele que está aos teus pés.
Aquele que te olha nos olhos e sorri.
Que sofre ao teu lado e que vela por ti nunca estando ausente.
O que está acima de ti mas te mira olhos nos olhos...
- És o filho?
Meu filho, meu irmão, diz tu.